· Origem evolutiva dos peixes
Os peixes foram os primeiros vertebrados, tento surgido há pouco mais de 500 milhões de anos. Os fósseis mais antigos de peixes são de animais pequenos, com menos de 50 cm de comprimento, inteiramente revestidos de armadura óssea. Esses peixes primitivos, conhecidos como ostracodermos, tinham boca circular desprovida de mandíbula e alimentavam-se, provavelmente, sugando restos de organismos mortos ou filtrando pequenas partículas em suspensão na água. Entre 425 e 450 milhões de anos atrás, surgiram os peixes dotados de mandíbulas. A aquisição da mandíbula conferiu maior eficiência na aquisição de alimento e permitiu que esses peixes se diversificassem; muitos tornaram-se predadores vorazes. Esses primitivos peixes dotados de mandíbulas foram os ancestrais dos condrictes e dos osteíctes atuais.
Tanto os peixes cartilaginosos quanto os peixes ósseos diversificaram-se muito entre 300 e 400 milhões de anos atrás, passando a dominar o ambiente aquático. Mas, enquanto os peixes cartilaginosos surgiram nos mares, os peixes ósseos, ao que tudo indica, surgiram em ambientes de água doce e só posteriormente invadiram os mares. Outra conclusão a que chegaram os cientistas é que o esqueleto cartilaginoso dos condrictes foi uma característica que apareceu secundariamente, pois seus ancestrais tinham esqueleto ósseo.
· A evolução dos peixes
Há cerca de 500 milhões de anos surgiram os primeiros vertebrados: os ostracodermos. À semelhança dos ágnatos (lampreias), esses pequenos peixes eram desprovidos de mandíbulas, vivendo no fundo do mar, de onde obtinham alimento por filtração dos sedimentos. Tais peixes foram suplantados pelo aparecimento dos placodermos, dotados de uma importante novidade evolutiva: a presença de mandíbulas móveis. Juntamente com a presença de dentes afiados, as mandíbulas permitiram a conquista de um novo tipo de comportamento para obter alimento: a predação de outros animais.
A passagem de uma alimentação por filtração para uma alimentação por predação abriu caminho para o surgimento de mecanismos mais complexos de ataque e fuga. Os órgãos dos sentidos tornavam-se mais complexos e passavam a orientar movimentos mais eficientes, produzidos por nadadeiras pares. Surgiam, assim, animais maiores e mais complexos, que deram origem aos peixes atuais.
Os condrictes surgiram no mar. Os osteíctes originaram-se de peixes de água doce dotados de bolsas de gás que serviam de pulmões primitivos. Essas bolsas complementavam a respiração branquial e permitiam resistir às estações secas. O grupo que permaneceu com esse pulmão originou os atuais peixes pulmonados. Um segundo grupo migrou para o mar e a bolsa de gás evoluiu para a bexiga natatória, originando os osteíctes marinhos. Posteriormente, alguns osteíctes marinhos voltaram à água doce, originando os atuais peixes dulcícolas, também dotados de bexiga natatória.
· Relações evolutivas entre Dipnóicos e Sarcopterígeos
Os paleontologistas acreditam que peixes cartilaginosos e peixes ósseos surgiram na mesma época, no período Siluriano (entre 438 a 408 milhões de anos atrás), a partir de ancestrais placodermos. Os peixes cartilaginosos surgiram no mar, enquanto os peixes ósseos surgiram em ambiente de água doce e apenas mais tarde invadiram o mar, onde se tornaram o grupo dominante. Os primeiros actinopterígeos provavelmente respiravam por meio de brânquias, complementando a respiração por meio de uma bolsa ligada à faringe, que atuava como uma espécie de pulmão.
No início do período Devoniano, há cerca de 400 milhões de anos, os peixes ósseos já estavam diversificados em três grandes grupos: peixes com nadadeiras radiais, ou actinopterígeos; peixes com nadadeiras lobadas, ou crossopterígios; e peixes pulmonados, ou dipnóicos.
Os actinopterígeos tiveram enorme sucesso evolutivo, tendo originado a absoluta maioria dos peixes atuais, que compõe a classe Actinopterygii. Nesse grupo, o primitivo pulmão perdeu sua função respiratória e deu origem à bexiga natatória.
Os dipnóicos, também chamados de peixes pulmonados, evoluíram em ambientes de água doce e continuaram a utilizar seu pulmão primitivo como órgão respiratório acessório das brânquias. Hoje são conhecidos apenas três gêneros desse grupo, que vivem na América do Sul (gênero Lepidosiren), na África (gênero Protopterus) e na Austrália (gênero Neoceratodus).
Peixes da classe Dipnoi respiram no meio aéreo por meio de uma bolsa ricamente vascularizada ligada à faringe, que funciona como um pulmão; daí serem conhecidos como peixes pulmonados. Eles enchem o seu “pulmão” com ar, de modo que o sangue circulante nas paredes da bolsa retira gás oxigênio do ar e elimina nele gás carbônico. Acredita-se que esse tipo de respiração era utilizado pelos ancestrais dos actinopterígeos, que possivelmente vivam em água doce pobre em gás oxigênio e teria desenvolvido esse mecanismo como órgão respiratório das brânquias.
Os crossopterígios foram considerados extintos até 1938, quando um peixe vivo extremamente semelhante a exemplares fósseis foi capturado por pescadores, no mar aos arredores da ilha de Madagáscar, no sudeste da África. Esse “fóssil vivo” foi classificado como Latimeria chalumnae, popularmente conhecido por celacanto. Atualmente, esses animais, que chegam a 2 metros de comprimento, compõem a classe Actinistia, ou Sarcopterygii.
Alguns cientistas acreditavam que peixes crossopterígios primitivos, possivelmente muito semelhante aos celacantos atuais, originaram os tetrápodes, grupo ao qual pertencem os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos atuais. Outros, porém, consideram que a origem dos tetrápodes poderia estar em linhagens antigas de peixes pulmonados.
A base das nadadeiras peitorais e pélvicas dos crossopterígios é carnosa e suportada por um esqueleto ósseo interno. Acredita-se que eles podiam apoiar-se no solo com as nadadeiras e “caminhar” pelo fundo dos rios e lagos. Esse modo peculiar de movimentações lhes teria permitido realizar incursões em terra firme, à procura de alimento. Gradativamente, teriam-se adaptado às condições do meio aéreo, e suas nadadeiras evoluído, transformando-se me pernas. Essa é uma das hipóteses sobre a origem dos anfíbios, que teria ocorrido entre 408 e 360 milhões de anos atrás.