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Ecologia

Classificação ecológica
Uma forma de classificar os peixes é segundo o seu comportamento relativamente à região das águas onde vivem; este comportamento determina o papel de cada grupo no ambiente aquático:
  • pelágicos (do latim pelagos, que significa o "mar aberto") – os peixes que vivem geralmente em cardumes, nadando livremente na coluna de água; fazem parte deste grupo as sardinhas, as anchovas, os atuns e muitos tubarões.
  • demersais – os que vivem a maior parte do tempo em associação com o substrato, quer em fundos arenosos como os linguados, ou em fundos rochosos, como as garoupas. Muitas espécies demersais têm hábitos territoriais e defendem o seu território activamente – um exemplo são as moreias, que se comportam como verdadeiras serpentes aquáticas, atacando qualquer animal que se aproxime do seu esconderijo.
  • batipelágicos – os peixes que nadam livremente em águas de grandes profundidades.
  • mesopelágicos – espécies que fazem grandes migrações verticais diárias, aproximando-se da superfície à noite e vivendo em águas profundas durante o dia. Exemplo deste grupo são os peixes-lanterna.
Hábitos alimentares
Os peixes pelágicos de pequenas dimensões como as sardinhas são geralmente planctonófagos, ou seja, alimentam-se quase passivamente do plâncton disperso na água, que filtram à medida que "respiram", com a ajuda de branquispinhas, que são excrescências ósseas dos arcos branquiais (a estrutura que segura as brânquias ou guelras).
Algumas espécies de maiores dimensões têm também este hábito alimentar, incluindo algumas baleias (que não são peixes, mas mamíferos) e alguns tubarões como os zorros (género Alopias). Mas a maioria dos grandes peixes pelágicos são predadores ativos, ou seja, procuram e capturam as suas presas, que são também organismos pelágicos, não só peixes, mas também cefalópodes (principalmente lulas), crustáceos ou outros.
Os peixes demersais podem ser predadores, mas também podem ser herbívoros, que se alimentam de plantas aquáticas, detritívoros, ou seja, que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no substrato, ou serem comensais de outros organismos, como a rémora que se fixa a um atum ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça e se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro (normalmente um grande predador), ou mesmo parasitas de outros organismos.
Alguns peixes abissais e também alguns neríticos, como os diabos (família Lophiidae) apresentam excrescências, geralmente na cabeça, que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores que eles próprios. Numa destas espécies, o macho é parasita da fêmea, fixando-se pela boca a um "tentáculo" da sua cabeça.


Migrações
Muitas espécies de peixes (principalmente os pelágicos) realizam migrações regularmente, desde migrações diárias (normalmente verticais, entre a superfície e águas mais profundas), até anuais, percorrendo distâncias que podem variar de apenas alguns metros até várias centenas de quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações das enguias.
Na maior parte das vezes, estas migrações estão relacionadas ou com a reprodução ou com a alimentação (procura de locais com mais alimento). Algumas espécies de atuns migram anualmente entre o norte e o sul do oceano, seguindo massas de água com a temperatura ideal para eles.
Os peixes migratórios classificam-se da seguinte forma:
  • diádromos – peixes que migram entre os rios e o mar:
* anádromos – peixes que vivem geralmente no mar, mas se reproduzem em água doce;
*  catádromos – peixes que vivem nos rios, mas se reproduzem no mar;
*  anfídromos – peixes que mudam o seu habitat de água doce para salgada durante a vida, mas não para se reproduzirem (normalmente por relações fisiológicas, ligadas à sua ontogenia);
  • potamódromos – peixes que realizam as suas migrações sempre em água doce, dentro dum rio ou dum rio para um lago; e
  • oceanódromos – peixes que realizam as suas migrações sempre em águas marinhas.
Os peixes anádromos mais estudados são os salmões (ordem Salmoniformes), que desovam nas partes altas dos rios, se desenvolvem no curso do rio e, a certa altura migram para o oceano onde se desenvolvem e depois voltam ao mesmo rio onde nasceram para se reproduzirem. Muitas espécies de salmões têm um grande valor económico e cultural, de forma que muitos rios onde estes peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para peixes (chamadas em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar para montante da barragem.
O exemplo mais bem estudado de catadromia é o caso da enguia europeia que migra cerca de 6000 km até ao Mar dos Sargaços (na parte central e ocidental do Oceano Atlântico) para desovar, sofrendo grandes metamorfoses durante a viagem; as larvas, por seu lado, migram no sentido inverso, para se desenvolverem nos rios da Europa.
Hábitos de repouso
Os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados de vigília e repouso. O período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos.
Como não tem pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies se deitam no fundo do mar ou no rio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam.

Camuflagem e outras formas de proteção
Alguns peixes se camuflam para fugirem de certos predadores, outros para melhor apanharem as suas presas. Algumas espécies de arraia, por outro lado, se escondem na areia e podem mudar o tom da pele, para suas presas não notarem sua presença no ambiente.

A cor

Além de ser um atrativo para os aquariofilistas, a cor desempenha uma função muito importante no mundo aquático. Permite identificar as espécies em geral e o sexo em particular.
Serve de camuflagem ao peixe na presença de predadores ou então constitui um indicador visual bastante claro de que uma determinada espécie pode ser venenosa. A cor pode representar um alvo falso para um possível atacante e dar indicação quanto à disposição do peixe, isto é, se ele está com medo ou se está zangado.
A cor é determinada por dois fatores - pelo reflexo da luz e pela pigmentação. Os tons prateados e iridescentes que vemos muitas vezes no flanco de muitas espécies de água doce são provocados por camadas refletoras de guanina. Esta substância é apenas um detrito que não é expelido pelos rins nem pelo corpo, mas armazenado sob a pele. A cor que vemos depende do ângulo de incidência da luz e com o qual esta é refletida pelos cristais de guanina. Muitos peixes, quando iluminados por uma luz que passa através do vidro da frente do aquário apresentam uma cor diferente daquela que têm quando são iluminados a partir de cima. Isto também explica a razão pela qual a areia de cor clara normalmente confere aos peixes tonalidades mais fracas.
Os peixes que apresentam cores mais carregadas possuem células de pigmentação no corpo e algumas espécies conseguem controlar a intensidade das cores que apresentam. Podemos observar este fenômeno com facilidade nos peixes que têm o hábito de repousar na areia ou nas pedras, adquirindo então a cor do local em que se encontram pousados. Existem outros peixes que «vestem» cores noturnas. Os populares Peixes-Lápis (Nannostomus sp.) são exemplos notáveis deste fenômeno e o aquariofilista inexperiente pode ficar admirado ao descobrir que estes peixes apresentam cores diferentes todas as manhãs. Os peixes sofrem estas alterações pela contração ou expansão das células de pigmentação (chromatophores) para intensificar ou reduzir a cor que se vê através da pele.
É muito provável que a cor do macho se intensifique durante o período de acasalamento para atrair a fêmea, e as fêmeas de algumas espécies de Ciclídeos também podem apresentar cores mais exuberantes para que as suas crias sejam capazes de reconhecê-las. Podemos observar um bom exemplo disto nas espécies do gênero Pelvicachromis em que as fêmeas se apresentam mais coloridas do que os machos durante o período de acasalamento.
E possível intensificar as cores dos peixes dando-lhes «alimentos intensificadores de cor». Estes alimentos contém aditivos, como o caroteno, que intensificam as cores dos peixes. O Barbo-Tigre (Barbus tetrazona) é um dos peixes que reage de forma extraordinária a este tipo de alimentos, as suas escamas adquirindo um rebordo negro que lhe dá o aspecto de uma rede. Infelizmente, nos concursos de aquariofilia, os membros do júri detectam com facilidade estes truques e os exemplares tratados com alimentos intensificadores da cor não obtém uma boa pontuação em virtude de não apresentarem as cores naturais da sua espécie. A utilização de lâmpadas que realçam as cores dos peixes também melhoram o aspecto dos mesmos, mas os animais recuperam as suas cores naturais quando regressarem a um meio com iluminação mais natural.